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Quem se mete com o PS, leva

É o regime da impunidade para os amigos e da ameaça ou da retaliação para os inimigos. Desde os recentes excessos de velocidade das viaturas de campanha em que os processos de contra-ordenação são mandados, imediatamente, limpar, à interferência directa na justiça, passando por pressões sobre jornalistas ou a alteração de dados estatísticos, no governo de Sócrates vale tudo.

 

Jorge Coelho, ex-ministro socialista, já tinha avisado em 2001 que “quem se mete com o PS, leva!”. Num discurso inflamado de campanha, referia-se assim o actual presidente da Mota Engil a uma crítica do Bastonário da Ordem dos Advogados da época, António Pires de Lima, que acusou o governo socialista de interferir nos tribunais e na justiça. Coelho viria a dizer depois que o “leva” era, afinal, uma frase por concluir: “Leva uma resposta política, claro”, justificou-se.

 

Já neste mandato, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, declarou numa reunião do PS que o que gosta “é mesmo de malhar na direita” e nas forças da reacção. No saco metia o Bloco de Esquerda e a CDU. A “asfixia democrática” que o PSD acusa agora o PS de usar para governar o País começou, segundo os sociais-democratas, quando a polícia visitou o Sindicato dos Professores da Região Centro, na Covilhã, antes de uma manifestação contra a política educativa. A PSP foi saber o que preparavam os professores, uma vez que o primeiro-ministro José Sócrates se deslocava àquela cidade no dia da demonstração pública.

 

Já em campanha, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária limpou multas de excesso de velocidade à caravana do PS, autuada por agentes da GNR local. Em menos de 10 horas os socialistas foram perdoados.

 

O presidente do Instituto Sá Carneiro, Alexandre Relvas, foi também pressionado pelo gabinete do primeiro-ministro, segundo o advogado da instituição. Jorge Black afirmou que foi recordado a Relvas que este era gestor de uma empresa privada com contratos com o Estado e que, por isso, devia medir “com cuidado aquilo que iria dizer como presidente do Instituto”.

As pressões recaíram depois sobre António Balbino Caldeira, professor, que no seu blogue “Do Portugal Profundo” decidiu investigar como José Sócrates tirou a sua licenciatura. O autor disse ter sido vigiado durante o período da investigação. Agora, fez uma edição de autor de um livro que compila a sua investigação – obra que foi recusada por várias editoras, apesar do entusiasmo inicial de algumas, como a “Leya”. A “O Diabo”, Balbino Caldeira fala da pressão que sofreu: “A perseguição do poder é insidiosa e raramente ostensiva ou imediata. Mas a vingança virá. A pedagogia da vingança é uma marca do socratismo”, acusa.

 

Na investigação ao caso Freeport, o PS também foi acusado de pressionar os magistrados que investigam a eventual corrupção no caso que envolve o nome de José Sócrates – a acusação partiu do presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma. Augusto Santos Silva, ministro socialista, reagiu imediatamente e exigiu explicações ao sindicalista. O caso está sob investigação.

 

Depois, José Sócrates elegeu Manuela Moura Guedes, a TVI e o jornal Público como alvos das críticas socialistas, no último congresso do PS, a 27 de Fevereiro deste ano. O Jornal de 6ª acabou cancelado pela administração da TVI. Agora, é a vez do jornal Público estar a ser colado a uma campanha de recados transformados em notícia, vindos do Palácio de Belém, pela mão do jornal rival “Diário de Notícias”.

Esta semana n'O Diabo

Na edição desta semana do Semanário O DIABO:

 

► Acordo com a Liscont escrutinada:

Procuradoria avança com investigação ao “negócio dos contentores” que beneficiou a Mota-Engil de Jorge Coelho

 

► O estado calamitoso da Economia portuguesa:

Já perdemos 200.000 pequenas e médias empresas desde que Sócrates é primeiro-ministro – denuncia Augusto Morais, presidente da Associação Nacional das PMEs

 

► “Não sou herdeiro do soarismo”, diz João Soares numa entrevista franca e descomplexada em que explica porque se candidata por Faro

 

► Guerra política transfere-se para a Internet:

As “barbaridades” que políticos, jornalistas e comentadores andam a escrever nos blogues, no Facebook e no Twitter

 

► Floresta portuguesa em risco de desaparecer:

As pragas estão a atacar sobreiros, azinheiras e pinheiros – e as associações de produtores acusam o Governo de nada fazer

 

► Testemunho:

As memórias de um serviçal do Palácio de Belém que trabalhou com sete Presidentes da República

 

► Opinião:

Artigos de Alberto João Jardim, Brandão Ferreira e Francisco Moraes Sarmento e ensaio de Adam Lerrick 

 

► “Atentado” na Câmara de Lisboa: bloguistas hasteiam bandeira monárquica nos Paços do Concelho!

Quinta Coluna

A Comunicação Social tem destas coisas: à força de tanto agitar cada novo “escândalo”, torna-o banal e vacina a opinião pública, que acaba por diluí-lo na sua memória como “apenas mais um”. O caso é geralmente apresentado na fase da suspeita, de forma suficientemente personalizada para causar bruá mas suficientemente vaga para não ter os seus contornos gravados na memória do mês.

 

O caso do prolongamento do contrato com a Liscont é um exemplo típico. A notícia surgiu para embaraço momentâneo do ministro Mário Lino e do ex-ministro socialista Jorge Coelho: um favoreceu a empresa que o outro dirige ao conceder-lhe a exploração do parque de contentores de Alcântara por mais 27 anos. Este extraordinário prolongamento baseou-se em projecções económicas erradas, beneficiando a empresa concessionária e lesando os interesses do Porto de Lisboa e do Estado. Foi um negócio ruinoso, concluiu o Tribunal de Contas. E a comissão parlamentar de Obras Públicas enviou à Procuradoria-Geral da República toda a documentação, visando a abertura de inquérito.

 

Mal foi conhecido este “desfecho” mais do que provisório, o “grande escândalo” morreu instantaneamente nas televisões. E estava já a opinião pública a roer o osso seguinte quando foram revelados os pormenores mais escandalosos do negócio – nomeadamente o de que, pelo contrato assinado, o Estado terá de compensar a empresa se a exploração dos contentores der prejuízo; ou (igualmente bizarro) que Lino aceitou que fosse o Estado a pagar mais de um milhão de despesas com advogados e assessorias relativas à ampliação do terminal de Alcântara; ou, ainda, que o contrato concede à empresa uma generosíssima isenção de taxas!

 

Quer dizer: o escarcéu é muito quando ainda pouco se sabe; e desvanece-se quando começa a saber-se. Até parece de propósito…

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