Hamas não tolera concorrência
Contudo, o mesmo Hamas começa a “islamizar” Gaza. Há relatos de grupos de jovens que entram em lojas e “aconselha” o dono a tirar os manequins das montras, a fazer desaparecer da vista de todos a roupa interior exposta, por muito antiquada e inestética que seja. A polícia controla casais que circulem nas ruas para saberem se são casados.
“A campanha estáem acordo com a nossa religião e tradições”, defende o ministro dos Assuntos Religiosos adiantando que “constatamos alguns perigos que ameaçam a nossa juventude e o nossa obrigação é prevenir sobre as coisas más”
Em muitas das ruas de Gaza vêem-se cartazes que incitam a não fumar. Mas segundo um refugiado do campo de Yabalia, próximo dos fundamentalistas, “quem o faz são sempre membros do Hamas”. O governo islamita decretou que a partir de 1 de Setembro todas as advogadas e pessoal feminino devem ir trabalhar de acordo com a Hiyab, o código fundamentalista para o vestuário feminino. As autoridades declaram que apenas se trata de aplicar uma lei que data de 1930. O Centro Palestiniano dos Direitos Humanos de Gaza criticou fortemente a ilegalidade flagrante da iniciativa.
Assim, parece que, mesmo em questões de fundamentalismo, o Hamas não tolera concorrência. Terá sido talvez por isso que matou dezanove “Guerreiros de Deus”, o seu líder o xeque Abelatif Musa e feriu mais cento e vinte pessoas depois de declarar ter tentado chamar para o “Islão moderado” este movimento próximo da Al-Qaeda.