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Insólito pic-nic: O encontro secreto Salazar/Franco

António Pina do Amaral

 

Foi em Fevereiro de 1942, o encontro que definiu a sorte da guerra. Salazar encontra-se secretamente com Franco e obtém uma certeza: a não beligerância espanhola manter-se-á. O Presidente do Conselho de Ministros de Portugal saíra de Lisboa pela manhã. Ao almoço tinha lugar um insólito pic-nic.


Eram 10 da manhã do dia 10 de Fevereiro de 1942.

 

Ao chegar à Rua da Imprensa à Estrela para iniciar mais um dia habitual de funções, nesses tempos conturbados de guerra, o secretário de Oliveira Salazar, constata, perplexo, a ausência do Presidente do Conselho de Ministros.

 

Mas pior: feitos uns contactos de entre os círculos que naturalmente deveriam estar a par de qualquer deslocação de Salazar, rapidamente se conclui que ninguém estava prevenido quanto a qualquer eventual saída ou motivo para ausência.

 

A situação assume foros de paroxismo quando se acrescenta ao rol dos faltosos mais um nome. Também o Director da PVDE, a antecessora da PIDE, o capitão de infantaria Agostinho Lourenço da Conceição Fernandes se não achava no seu posto, na Rua António Maria Cardoso, nem na residência sita a Avenida Barbosa du Bocage.

 

Facto consumado!

 

No maior segredo, nem aos mais íntimos confessando a sua intenção, Salazar partira essa manhã, de automóvel, acompanhado de Lourenço e de dois oficiais de segurança, rumo ao Sul de Portugal.

 

Passado o Tejo pelas nove e meia, junta-se-lhe em Estremoz o Embaixador Pedro Teotónio Pereira, que para o efeito se deslocara de Madrid, onde chefiava a legação portuguesa junto de Franco.

 

Retomada a marcha, pela hora do almoço os viajantes estão perto da fronteira.

Dá-se então o ainda mais inesperado.

 

A um gesto de Salazar, o motorista estaciona num local retirado da estrada. Cumprindo um ritual pré estabelecido, abre a bagageira da viatura e dali retira um cesto.

 

Dali sai, queiram ou não os circunstantes acreditar, o farnel para o almoço.

 

Disposto a não dar nota da sua presença e a isso juntando uma economia de despesa, Salazar confunde-se com a paisagem e quais turistas acidentais em improvisado piquenique, satisfaz assim as exigências vitais.

 

Os outros acompanham-no em respeitoso silêncio.

 

Filho de camponês, a refeição é frugal.

 

E, no entanto, é um momento decisivo da História contemporânea que então se vive.

Não adivinhariam os poucos passantes que ali, nesse “déjeneur sur l’herbre” estava a jogar-se o futuro de Portugal e a sorte da Segunda Guerra Mundial.

 

Salazar dirigia-se a Sevilha para um encontro com Franco.

 

Iriam ver-se pela primeira vez.

 

E, no entanto, até ali, tinham estado sempre juntos.

 

O encontro, ocorrido nessa noite no Alcazár, seria decisivo.

 

O ambiente político e militar de então não poderia ser mais carregado.

 

A ameaça de envolvimento de Portugal no conflito militar que, desde há três anos, dilacerava a Europa, era cada vez mais iminente.

 

O país havia definido desde o princípio das hostilidades uma política de neutralidade, ditada pela Aliança Inglesa e pela consideração que não poderíamos por causa dela hostilizar os britânicos nem por efeito dela guerrear os alemães.

 

Mas, na concepção de Oliveira Salazar, a neutralidade jogava-se igualmente na frente atlântica, envolvendo o destino dos Açores e de Cabo Verde, e no bloco peninsular, envolvendo uma concertação com a Espanha.

 

Com o Governo de Madrid Portugal firmara, logo em 1939, um “Tratado de Amizade e de não agressão” e em Julho de 1940 um Protocolo Adicional.

 

Dois anos volvidos, em 1942, o panorama estava diferente e mais complexo.

 

Aos riscos de uma invasão nazi, que Hitler prenunciara com o Plano Félix, sucedem-se, em cumulação, os riscos de uma invasão Aliada, pois certos sectores das “nações unidas” não queriam correr o risco de deixar um país estrategicamente tão importante como Portugal ao acaso de uma ocupação pelo Eixo e da subsequente perda de posição dos pontos nevrálgicos dos Açores e de Cabo Verde.

 

É nesta ambiência que se dá o encontro entre o Generalíssimo Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde, o “caudillo” de todas as Espanhas, e o Presidente do Conselho de Ministros de Portugal, Professor António de Oliveira Salazar.

 

À histórica conversa apenas assistiria Serrano Suñer, o recém-empossado Ministro das Relações Exteriores, líder da Falange, e cunhado de Franco.

 

O jogo é denso, quer por causa das pessoas em presença, quer por virtude das realidades políticas do momento.

 

Preparado para todas as eventualidades, Salazar não ignorava a manhosa habilidade de Franco que, em declarações sucessivas, parecia decisivamente inclinado para o lado do Eixo nazi fascista, enquanto, por outro lado, dava sinais contraditórios aos Aliados de que respeitaria a “não beligerância” que definira no advento do conflito.

 

Ainda para complicar a cena, no tablado da encenação política, Franco, que até então havia jogado no apagamento intencional da sua imagem, fazendo projectar à boca de cena, a do seu cunhado, Serrano Suñer, cuja germanofilia era mais do que patente, surpreendera agora tudo e todos com um golpe de asa, invertendo os papéis e assumindo agora um papel decisivo na condução dos negócios políticos exteriores.

 

Mas, para além das aparências da encenação política, Suñer era, naquele encontro, uma peça decisiva.

 

O seu passado quando da elaboração do Protocolo Adicional ao Tratado de não agressão havia deixado marcas indeléveis da sua má vontade contra a posição portuguesa. Negociado secretamente entre Teotónio Pereira e Juan Beigbeder Atienza, o documento havia sido aprovado por Franco, mau grado a fria oposição de Suñer, que para o efeito não desdenhara mesmo o animar uma campanha de imprensa hostil a Portugal.

 

Perante isto, Oliveira Salazar não ignora que parte decisiva do que disser ou fizer deve também visar o convencimento do cunhado do Generalíssimo, pois é dele que poderá vir o obstáculo definitivo a qualquer acerto que então se faça.

 

Neste particular a sua vitória pessoal foi total.

 

No plano político, a situação também não é fácil para um alinhamento da Espanha com a pretensão portuguesa de subsistência da neutralidade comum.

 

Internamente, eram cada vez mais activas as forças do regime que, confiadas numa vitória nazi, clamavam por um alinhamento militar ao lado de Berlim, a que se juntavam quantos pretendiam a oportunidade para concretizar uma anexação política de Portugal, viabilizando assim a formação de um bloco ibérico, mais satisfatório aos apetites hegemónicos imperiais de Castela.

 

Provocatoriamente, a Falange havia mesmo mandado imprimir, no Auxílio Social de Valladolid um mapa da península no qual Portugal aparecia como uma província de Espanha.

 

Exteriormente, a cada vez mais intensa colaboração militar dos Aliados com a União Soviética, aliciava o endémico anti-comunismo espanhol a não alinhar com aqueles que estão agora no mesmo campo dos vermelhos contra os quais se havia erigido, em três anos sanguinolentos, a guerra civil.

 

No meio deste “albergue espanhol” Franco, prudente e ardiloso.

 

Instintivamente, Salazar está convencido de que Franco, mau grado o espectáculo das suas declarações e da dos seus, não dará o passo final em favor de Hitler e apenas pretende sossegar o Führer, entretendo-o no eterno jogo das esperanças.

 

A origem de Franco explica a sua psicologia.

 

Fiel ao dito “se vires um galego numa escada nunca saberás se vai a subir ou a descer”, Salazar conta com a indefinição do seu interlocutor e não espera dele mais do que sinais.

 

Formal, a conversa entre os dois estadistas decorre com fluência.

 

Em atenção a Salazar, Franco fala no seu dialecto de origem, o galego, absolutamente compreensível pelo seu interlocutor.

 

Atento, Suñer surpreende-se pelo que lhe é dado observar.

 

Minado de preconceitos políticos, mas arguto observador, rende-se incondicionalmente ao Presidente do Conselho português.

 

Em entrevista posterior com o Embaixador alemão em Madrid, não hesita em declarar a sua opinião. Para si, Salazar é um “homem extremamente simpático, extremamente bem-educado, culto, amável, duma perfeita dignidade”. Mais tarde a amigos dirá que Salazar é “um homem de primeira ordem, com todo o rigor de um catedrático e a paixão de um místico”.

 

Do lado de Franco o desconcerto é algo evidente.

 

Cioso de um encontro com pompa e circunstância, fica desarmado por aquela discretíssima embaixada.

 

Uma década volvida, em 13.01.58, em entrevista ao jornal conservador francês Le Figaro, o Generalíssimo não esconderá os seus sentimentos acerca de Salazar que, para ele é “o mais completo e mais digno de respeito estadista que conheci. Olho-o como uma personalidade extraordinária pela sua inteligência, o seu senso político a sua humanidade. O seu único defeito é a modéstia”.

 

Exercício de sedução, a conversa entre os estadistas não foi fácil.

 

Violando a regra estratégica de que uma força cercada não faz manobras, Franco, fugindo para a frente, tenta convencer Salazar de que os Aliados preparam a invasão de Portugal, facto que a Espanha tomará então, a acontecer, como um acto de agressão contra si própria.

 

No plano interno, mostra a funda preocupação pela aliança dos Aliados aos comunistas, face ao que só a esperança de que o III Reich liquide a Rússia lhe dá algum alento.

 

Inteligente, Salazar percebe o equívoco acerca da eventual vitória a Leste e desloca o problema para o campo onde poderá estar mais à vontade.

 

E adquire a certeza de que a única razão decisiva que fará a Espanha entrar na guerra contra os Aliados serão razões vitais de abastecimento, caso os víveres que lhe chegam através dos intencionais “buracos” ao bloqueio económico, se venham a mostrar insuficientes. E isso é algo que está ao alcance do Ministério da Guerra Económica (MEW) britânico definir. E a política de bloqueio aligeirou.

 

Regressado de Sevilha no dia seguinte, esgotado pela viagem e pela vertigem do que negociara, Salazar trazia a mais formidável certeza para o futuro próximo da guerra: sabe que a não beligerância espanhola se manterá.

Espanhóis preparam-se para retirar água dos nossos rios

A seca atinge a maioria do território nacional. Especialistas prevêem que prolongue na próxima década. Os agricultores sofrem e as águas vão subir de preço. Os espanhóis, a braços com o mesmo problema, preparam-se para retirar água aos nossos rios, mas o Governo diz não saber de nada.


Perante a seca ibérica, os espanhóis estão já a tomar medidas. A Junta da Extremadura, entidade regional que controla o último troço de leito do Tejo em território castelhano, encomendou esta semana um novo estudo para mais um transvaze no maior rio da Península. Os espanhóis querem criar mais uma albufeira para armazenamento de água, com vista ao regadio e ao consumo.

 

O Governo português diz desconhecer esta intenção dos espanhóis, embora ela tenha sido anunciada na imprensa de Cáceres e de Madrid. "O Governo português está atento à situação e manifestará a sua posição no âmbito da Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção de Albufeira (CADC)", diz o Ministério do Ambiente.

 

No entanto, a água que chega a Portugal pelos principais rios ibéricos degrada-se em quantidade e em qualidade.

 

Estudos recentes mostram que o caudal do Douro e Tejo terá descido cerca de 15 por cento nos últimos anos de seca. Paulo Constantino, responsável do Movimento Pelo Tejo diz, por exemplo, que a água de Valdecañas “é a última água limpa que entra no Tejo, porque o resto são águas sujas de Madrid. O que chega a Portugal são detritos”.

 

As águas internacionais estão também a prejudicar o enchimento da barragem do Alqueva. O Diabo apurou junto de fonte da barragem, que as cotas previstas para o enchimento deste ano estão aquém dos objectivos, o que atrasará a finalização do projecto “em meses largos”.

 

A situação é de extrema gravidade porque actualmente 92 por cento do território nacional está em estado de seca, segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. O Verão de 2009, um dos períodos mais longos de temperaturas altas observado em território nacional, teima em acabar, apesar de alguns dias de chuva já em Outubro. Isto, apesar do mês de Julho deste ano ter sido aquele com mais chuva nos últimos 40 anos. Pouca alegria para os agricultores e para as terras, que já estão a encarquilhar por causa da falta de chuva.

 

Se não começar a chover rapidamente há um alerta sério sobre o consumo de água. O presidente do Instituto Nacional de Meteorologia, Adérito Simões, constata: “Desde Janeiro, a precipitação acumulada é inferior à média registada no período de referência (1971-2000)”, o que implica medidas especiais imediatas. Os especialistas estão a preparar-se para lançar alertas caso Novembro e Dezembro não tragam chuvas. Pode haver necessidade do consumo de água vir a ser cortado para permitir a produção de energia nas barragens.

 

Segundo dados do Instituto da Água (INAG), 21 das 56 barragens e albufeiras portuguesas têm um nível de armazenamento inferior a 40 por cento da sua capacidade. Apenas duas apresentam uma retenção superior a 80 por cento. O drama é mais profundo a sul, no Sado e no Arade, mas atinge também barragens que estão no norte alentejano – e é aqui que as reservas mais baixas se cruzam com a falta de chuva mais grave em todo o País.

 

O presidente do INAG, Orlando Borges, está “preocupado”: “As barragens estão a cumprir a sua função: armazenam água nos períodos chuvosos para garantir o abastecimento nos momentos de escassez. Estes armazenamentos garantem que de uma situação de seca meteorológica actual não se passe automaticamente para uma seca hidrológica (pouca água armazenada)”, declara o responsável.

 

Para já, Orlando Borges afasta a possibilidade de fechar as torneiras aos consumidores comuns: “"Nos abastecimentos, há reservas para dois anos. Não se prevê necessidade de restringir os usos da água", sossega.

 

O novo governo socialista ainda nada disse sobre a situação, mas o antigo ministro da agricultura, Jaime Silva, tinha ao seu dispor meios de apoio aos agricultores, se a situação se tornar ainda mais grave. Pouca resposta para os líderes da agricultura nacional, que já desesperam com o clima. João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), é taxativo: “Se o tempo quente persistir ao longo do mês de Outubro, será inevitável a concessão de apoios adicionais aos agricultores, sobretudo para as criações de gado”. São os animais que mais sofrem neste momento, uma vez que a água que os alimenta provem, normalmente, de furos e captações privadas. A água para beber e para as lavagens não pode ser adquirida à rede pública, sob pena de custos elevados.

 

Já João Diniz, da Confederação Nacional de Agricultores, é taxativo: “Os apoios governamentais já deveriam estar no terreno. Há que ter ajudas adicionais para o sector”.

 

A seca atinge todo o país. No Baixo Alentejo, de Serpa a Ficalho, por exemplo, os olivais e a criação de gado está em risco. No norte alentejano, António Almeida, um pensionista que se dedicou à agricultura depois da reforma, diz que já desistiu: “Há dois anos que não cai água suficiente para o terreno estar bom. O pequeno cultivo de subsistência está a ser afectado de forma caótica. As pessoas deixam de cultivar o campo e passam a comprar nas grandes superfícies, sai-lhes mais barato. Eu já deixei de tratar o terreno”.

 

Tempo vai ser cada vez mais seco

 

Rita Durão é autora de um estudo climático sobre Portugal. Doutoranda no Instituto Superior Técnico, assinou para o Centro de Recursos Naturais e Ambiente a pesquisa que dita um futuro difícil.

 

“Estamos com bom tempo a mais”, diz a investigadora. “Podemos até confirmar isso sem pensar em estatística, porque o Verão está extenso. Neste caso as observações do senso comum valem tanto como qualquer outra”, brinca a especialista. No entanto, Rita Durão alerta que com o tempo é sempre difícil prever o futuro: “Está um clima pouco habitual. Daí a dizer que estes sintomas se incluem numa mudança climática global, vai um passo. Devemos ter cuidado na análise e na projecção dessa análise para o futuro”. A climatologista estudou os dados dos últimos quarenta anos. “Em relação a esses dados, é claro que estamos a registar resultados em que há um largo período de seca”. O estudo identificou quer a aridez, quer as súbitas águas que alagam tudo em pouco tempo. “Constatamos muitos extremos secos e húmidos. O que concluímos é que quando há um evento de seca, de ausência de precipitação, ele é comum a todo o território. Isto não acontecia em décadas anteriores, é novo. Sobretudo na década de 90, os dados são claros. Não há uma seca localizada, quando acontece, é em todo o território. Na década de 60, por exemplo, esse fenómeno não era homogéneo. Portalegre podia estar em seca, mas o Algarve não estava. O que agora acontece é a harmonização do fenómeno”.

 

O desafio do Centro de Recursos Naturais e Ambiente é agora compreender as mudanças, para poder chegar a melhores conclusões. “Nós verificamos os dados e temos consistência estatística. Agora, é difícil criar um modelo. Os modelos existentes são essencialmente britânicos e precisamos de os alterar para os poder aplicar ao nosso clima e território. Isso demorará tempo”, adianta a pesquisadora.

 

No entanto, Rita Durão afirma que os estudos existentes prevêem um cenário pouco agradável: “Não quero dizer taxativamente que vai chover menos, mas há estudos indicativos nesse sentido. O mês de Março, por exemplo, era chuvoso, agora deixou de o ser. Essa precipitação vai ocorrer se calhar noutra altura, ou não ocorrerá de todo”.

 

Perante isto, a especialista do Instituto Superior Técnico deixa um alerta: “As opções políticas gerais têm de levar isto em conta. Os gestores e os políticos não tinham estes dados que agora começamos a trabalhar. Os primeiros dados recolhidos são recentes”.

 

Comércio também se sente

 

As grandes colecções de moda, o pronto-a-vestir e as empresas têxteis estão também com um problema em mãos. A chegada tardia do tempo frio está a fazer armazenar milhares de peças de roupa que, por esta época, deviam já estar à venda. A lojista Paula Santos diz a O Diabo que na sua loja em Lisboa a venda de roupa estagnou: “Vendemos essencialmente roupa de criança e em Setembro e Outubro há sempre muitos pais que renovam as colecções por causa da escola. Este ano, com temperaturas a rondar os 30 graus, ninguém se arrisca a comprar o que quer que seja.

 

Não sentem necessidade”. Paula recorda que há 30 anos, nos seus primeiros dia de escola “havia sempre chuvadas, já se usavam botas para a chuva, já havia casacos e blusões”.

 

Como milhares de lojistas pelo país, Paula, tem as encomendas paradas. “A roupa de Inverno em armazém por enquanto ainda me chega. Só farei novas encomendas quando o tempo mudar de facto. Não faz sentido estar a gastar milhares de euros em roupa que vai estar parada e em stock”.

 

Nenhum dos grandes super e hipermercados começou já promoções da roupa de inverno. Numa visita rápida às grandes superfícies lisboetas, O Diabo constata que nos cabides repousam ainda colecções de verão e meia-estação. São milhares de encomendas por fazer a fábricas têxteis que ficam sem efeito, por causa do ano menos chuvoso dos últimos 40.

 

Perante a passividade do Governo, espanhóis apoderam-se da frota de pesca nacional

Muitos dos barcos de pesca que navegam sob o pavilhão português pertencem a armadores espanhóis. As aquisições espanholas começaram há cerca de 7 anos e intensificaram-se no Governo de Sócrates.

 

Responsáveis das associações de armadores e dos sindicatos de pescadores alertaram o Governo para o que se estava a passar, mas “foi o mesmo que falar para uma parede”, diz Joaquim Pilo, presidente do Sindicato Livre dos Pescadores.

 

Os Armadores espanhóis continuam a comprar embarcações de pesca para poderem pescar nas nossas águas territoriais. Neste momento, cerca de 40 por cento da frota pesqueira portuguesa já está nas mãos de armadores espanhóis que assim podem fazer capturas na nossa Zona Económica Exclusiva e vender o pescado em Espanha, trazendo pouco valor acrescentado para Portugal.

 

As aquisições espanholas começaram há cerca de 7 anos, tendo-se intensificado durante o consulado de José Sócrates. Responsáveis das associações de armadores e dos sindicatos de pescadores alertaram o Governo para o que se estava a passar, mas “foi o mesmo que falar para uma parede”, revela Joaquim Pilo, presidente do Sindicato Livre dos Pescadores.

 

Perante a passividade do Governo de José Sócrates, os espanhóis adquiriram embarcações de norte a sul de Portugal Continental e Açores, utilizando tripulações espanholas e contratando um número reduzido de pescadores portugueses para “fecharem os olhos” às autoridades lusas. Liberato Fernandes, da cooperativa açoriana Porto de Abrigo, foi o primeiro responsável do sector a alertar para o facto de as pescas portuguesas estarem a passar para as mãos dos “nuestros hermanos” com o beneplácito das autoridades. Em finais de 2008, denunciava: “quando um armador açoriano quer vender a sua embarcação a outro armador local, tem que pedir um parecer à Direcção Regional das Pescas. Mas, no caso de uma venda a armadores estrangeiros isso não se verifica”. Ou seja, o Estado facilita a aquisição da nossa frota por estrangeiros que tem como único objectivo utilizar as licenças de pesca.

 

Segundo armadores e pescadores, existem vários casos de compra de embarcações velhas, apenas para utilizar as licenças de pescas. Esta prática, na perspectiva dos homens do mar, é prejudicial para a economia portuguesa, porque se está a “falar de uma actividade extractiva que possibilita a recolha do produto, desbaratando a nossa riqueza marítima, e que permite que a transformação e embalagem dessa mais valia possa ser realizada fora do país, o que significa que não há valor acrescentado para a economia nacional”.

 

Um País como Portugal, com uma Zona Económica Exclusiva de 1656 mil Km2 e uma costa continental com 942 Km, é extremamente apetecível para os armadores espanhóis que, desta forma, conseguem aumentar as suas quotas, arruinando as nossas zonas de pesca.

 

Do Algarve surge um outro aviso “à navegação” do Governo de José Sócrates para o sector das pescas. Durante as paragens biológicas, que obrigam à paragem da frota nacional durante 45 dias, existem embarcações espanholas que continuam a pescar. A denúncia é feita por Josué Marques, do Sindicato dos Pescadores do Algarve, que acusa os espanhóis de utilizarem artes proibidas pela legislação portuguesa, as chuponas.

 

Para este responsável, “o acordo de pescas com Espanha foi mau – antigamente, podiam vir 25 embarcações, 14 eram para amêijoa branca, 11 para a conquilha. Quando foi renegociado, sem a nossa comparticipação, os espanhóis ficaram com as mesmas 25 embarcações, mas podiam capturar indiscriminadamente” – afirma Josué Marques.

 

Mas não são só os espanhóis que estão a contribuir para a crise que o sector está a viver. O problema das quotas atribuídas a Portugal pela União Europeia é o maior problema das pescas portuguesas. “Esta é uma situação que traz mais problemas, tanto para as empresas, como para os trabalhadores, num sector em que se ganha em função do que se pesca”, afirma António Macedo, do Sindicato dos Pescadores do Norte.

 

A mesma opinião é compartilhada pelo presidente da Associação de Armadores da Pesca Industrial, Miguel Cunha, que prevê um futuro muito difícil para a pesca em Portugal e esperam uma melhor defesa do sector em Bruxelas.

 

Armadores e pescadores pretendem que o novo governo de José Sócrates deixe de se comportar “como um capataz da União Europeia”, que siga o exemplo do governo espanhol e faça pressão para alterar este quadro, “para que Portugal não seja ainda mais prejudicado, mais lesado pelas políticas europeias, como tem vindo a ser”.

 

Armadores e pescadores reconhecem nos governantes espanhóis um protagonismo e uma firmeza na defesa da pesca perante a Comissão Europeia que não tem nada a ver com a postura do Governo de José Sócrates. Segundo eles, muito da grave crise que o sector português está a atravessar deriva da aplicação da Política Comum de Pescas que, no caso de Portugal, consideram simplesmente desastrosa. O número de embarcações diminuiu, de 18 mil passaram a 8 mil e dos 41 mil pescadores que ainda em 1986 estavam em actividade, restam pouco mais de metade.


As nossas fontes consideram: “são números assustadores, e isto porque os nossos governantes não têm querido ou não têm sabido defender com mais firmeza e protagonismo as nossas pescas” ou “estão enfeudados a outros interesses da União Europeia”.


Na perspectiva dos homens do mar, “tem havido uma política de subserviência em relação às políticas comunitárias. Isto tem sido bom para os Governos que sacodem a água do capote, dizendo que não é por nossa vontade, são instruções da União Europeia”.

O que dizem os números

As últimas estatísticas disponíveis para o sector das Pescas, de 2008, revelam a existência de 16.854 pescadores para 8.585 embarcações.

 

A frota portuguesa empregava 17.021 pescadores em 2007, contra 17.261 um ano antes.

 

A região Norte é aquela que reúne mais profissionais da pesca, com 4.430, seguida do Centro, onde existem 3.584 pescadores e a actividade longínqua, com barcos de maior dimensão, tem mais peso, enquanto no Algarve se contam 3.065.

 

No entanto, as capturas de pescado registam um comportamento inverso e crescem, passando de 227,6 mil toneladas em 2006, para 238,4 mil toneladas um ano depois e atingindo 240,2 mil toneladas em 2008.

 

Pescadores passam fome mas têm emprego

“Não há desemprego no sector das Pescas. Há falta de pessoal”, mas muitos pescadores estão a passar fome por não terem um salário que lhes garanta os mínimos dos mínimos, afirma Joaquim Piló, explicando que, possivelmente “há falta de trabalho em algumas regiões do país, mais afectadas pelo abate de embarcações”.

 

Numa altura em que o desemprego atinge em Portugal uma taxa das mais elevadas dos últimos anos, a situação nas pescas é explicada por Joaquim Piló com as dificuldades da profissão, mas também com as condições em que é praticada.

 

“Os pescadores só ganham consoante o que pescam e que vendem, dependem dos preços do pescado, não têm direito a férias, nem a subsídio de férias”, lembrou o sindicalista.

 

Quando os preços do peixe na lota são muito baixos, os pescadores com pequenos barcos não conseguem ganhar o suficiente para pagar as despesas, existindo já casos, em várias localidades piscatórias de norte a sul do país de pescadores a passarem fome, salientam Joaquim Pilo e Josué Marques.

 

Os armadores também confirmam a dificuldade em encontrar tripulantes. De facto, os donos das embarcações contactam os centros de emprego e têm dificuldade em obter profissionais para trabalhar. Tentam recorrer a estrangeiros, mas também não é fácil porque a legislação impõe regras, como o mínimo de formação e falar algum português, por questões de segurança,

 

Para os representantes do sector, a profissão não é atractiva, tendo em conta o sistema remuneratório perverso que é praticado e questionam o que a pesca tem para oferecer a um jovem: uma profissão de elevado desgaste físico, jornadas de 14, 15, 16, 17 e 18 horas de trabalho nocturno, com um dos maiores índices de sinistralidade e salários que dependem da quantidade do pescado.


Os sindicalistas adiantam: “o pescador embarca e vai para o mar com zero de salário e não é surpresa nenhuma que regresse a terra com o mesmo. Não têm salário base e ganham uma percentagem sobre o lucro da venda do pescado, depois de retirados os custos de combustíveis e das artes”.


Para terem ganharem a vida razoavelmente são necessários que vários factores se acordem: condição climatérica favorável para a faina e uma óptima pescaria. Contudo, se tudo correr bem, há uma maior oferta de pescado e os preços na lota baixam. No dia em que mais pesca, arrisca-se a ganhar menos.

 

Na perspectiva dos pescadores, esta situação só se altera quando a classe tiver direito ao salário mínimo que lhes garanta, independentemente das vendas, que a subsistência está assegurada.

Dos Cíclicos Achaques de Iberismo

O dito Iberismo é uma das mais antigas e persistentes doenças nacionais. Doença congénita, presente desde a mais recuada e primeva génese de Portugal, tem sido uma constante dramática ao longo de toda a sua História, manifestando-se ora em forma de ilusória exaltação pátria, ora em forma de depressiva desilusão, conduzindo mesmo, neste último caso, até momentos de muito baixa e rasteira traição nacional.

Momento crucial de determinação do moderno conceito de Iberismo, se assim podemos dizer, é, naturalmente, a data de 1580, ou seja, o momento em que se dá a reunião da Coroa Portuguesa e Coroa Espanhola sob a uma mesma cabeça, a de Felipe II de Espanha, dito igualmente I de Portugal, momento a partir do qual o Iberismo passou também a não poder deixar de ser entendido senão numa exclusiva acepção negativa uma vez tornar-se concomitantemente impossível não significar a inexorável submissão dos interesses de Portugal ao Império de Castela, modernamente designado, tão pomposa quanto abusivamente, Espanha.

Como todos temos obrigação de saber mas por vezes tendemos a esquecer, até ao casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, os futuros Reis Católicos, em 1469, a Hispânia era composta por vários Reinos, entre os quais se contava, como é óbvio, também Portugal.

 

[continuar a ler no Albergue Português]

O Rei de Espanha visitou a Madeira

João José Brandão Ferreira

Tenente-Coronel Piloto-Aviador (Reformado)

 

Sua Muito Católica Majestade, o Rei D. Juan Carlos visitou o Arquipélago da Madeira, lacuna agora colmatada, dos seus tempos de juventude em Portugal e dos seus posteriores afazeres de Estado. Juanito, para os amigos, mostra-se sempre simpático para com Portugal e os portugueses – e também não tem razão nenhuma para não o ser – fala português, uma coisa quase impensável para um espanhol e sobretudo num castelhano, e pensamos que tem ganho jus à consideração geral como homem e como estadista. Excedeu até as expectativas quando mandou calar aquele senhor que dá pelo nome de Chávez.

 

Por isso não há razão nenhuma de ordem pessoal para que o monarca de cerca de três quartos da antiga Hispânia não seja bem recebido no antigo reino de Portugal e dos Algarves. Quando, porém, as questões de Estado se intrometem nas visitas oficiais e nos passeios o caso muda de figura. E quando fôr caso disso os nossos representantes têm que pôr a coluna erecta, levantar o queixo, olhá-lo nos olhos e dizer-lhe o que for de justiça.

 

Durante a visita à Madeira decorreu o aniversário da banda de música de Câmara de Lobos, onde actuou a banda local e… a filarmónica de Olivenza (com “z”). Este evento foi promovido pela Secretaria de Estado Regional dos Assuntos Culturais.

 

Ora tal facto, à luz do diferendo que existe desde 1801/7 relativamente à ocupação ilegal daquela antiga e portuguesíssima vila – onde os espanhóis de resto, não têm razão alguma – só pode ser considerado uma provocação, ou uma distração de mau gosto. Aliás, de Espanha poderia ter vindo uma banda de 30000 localidades diferentes, mas escolheu-se a de Olivença. Não foi certamente por acaso. Moncloa sabe do seu ofício e é pena é que do lado português andem todos aparentemente a dormir na forma e ninguém faça o trabalho de casa.

 

Vejamos: a questão de Olivença é sistematicamente ignorada em todas as cimeiras luso-espanholas (e não ibéricas, um erro elementar!) que se realizam todos os seis meses – a próxima vai ser em Elvas. Mas, curiosamente, o primeiro-ministro Zapatero escreveu uma carta à direcção dos Amigos de Olivença (GAO) – patriótica associação constituída em 1938, e que desde então luta denodadamente pelo retorno de Olivença à sua Pátria – em que exortava o GAO “a participar positivamente na resolução do assunto”[1]. Mais tarde constituiu-se em Olivença o fórum “Além Guadiana” de iniciativa local para promover actividades de cariz cultural. Mas como se mostraram, de um modo geral, favoráveis a Portugal, tal não terá agradado às autoridades espanholas, que logo se moveram contra aquelas “irreverências”. No passado dia 11 de Julho, deram-se até ao desplante de inaugurar um busto dessa figura sinistra que foi Manuel Godoy – principal carrasco da Olivença portuguesa – numa das salas da Torre de Menagem do Castelo daquela vila, mandado construir por… D. Dinis.

 

Do lado de cá da raia, vários autarcas de municípios vizinhos, continuam a fazer e a dizer uma série de disparates, pois não há maneira de entenderem que têm que se desenvolver, juntando-se à costa portuguesa e não ao lado de lá da fronteira. É que no fim de serem chupados, os caramelos espanhóis deixam sempre uma grande amargo de boca...

 

Ora na Madeira a coisa fia ainda mais fino: os nossos “hermanos” – manda a boa higiene e os bons costumes que os irmãos, quando crescidos, devem viver em casas separadas – ainda alimentam reivindicações espúrias sobre as ilhas Selvagens e não devem gostar nada de actos de soberania portuguesa, como foi a recente visita de Jaime Gama, em Maio deste ano, enquanto presidente da Assembleia da República, àquele pedaço de território de grande importância estratégica .

 

E em tudo o que os espanhóis façam ou intentem, nós devemos desconfiar e é lamentável que os portugueses passassem a esquecer rapidamente os seus “segredos de família” e a andar com as “guardas” em baixo.

 

A banda de Olivença permaneceu quatro dias no Arquipélago e deu dois concertos, juntamente com a “Banda Recreio Camponês” de Câmara de Lobos: só fazia sentido recebê-la não como espanhola, mas como indo de território português… Mas tudo passou despercebido entre autoridades, população e meios de comunicação social.

 

Curiosamente, ou não, lá apareceu mais uma sondagem cretina, feita pela Universidade de Salamanca e publicitada pelo “El Pais” (tido como próximo do PSOE), em que se afirma que percentagens elevadas de portugueses e espanhóis pretendem a (maldita da) União Ibérica.

 

E houve até um conhecido banqueiro português que veio afirmar a necessidade de “amalgamar” tudo o mais possível. Já não chegavam os grotescos Saramago e Mário Lino, se auto-proclamarem traidores ao dizerem-se iberistas! O segundo, sendo ministro, continuou no governo; ao primeiro ofereceu-se-lhe uma fundação, paga com dinheiros públicos e com sede na casa dos bicos, moradia do grande Afonso de Albuquerque, que deve andar a ranger os dentes no túmulo.

 

Noutro âmbito, é ainda de reter que o Arquipélago da Madeira é aquele que pode, verdadeiramente, fazer concorrência em termos de turismo às ilhas Baleares e, sobretudo, às Canárias. E é curioso (e lamentável!) que a única ligação marítima entre o Continente e o arquipélago seja feita entre Portimão e o Funchal por um ferry-boat … espanhol.

 

Afinal o “manicómio em autogestão” não acabou nos tempos do famigerado PREC.[2]

 

 



[1] Carta entretanto enviada para o MNE e PR para os efeitos tidos por convenientes…

[2] Processo Revolucionário em Curso

 

o diabo que o carregue: Iberismo

As luminárias da estatística aplicada acabam de chegar a mais uma brilhante conclusão: 30 por cento dos espanhóis e 40 por cento dos portugueses “apoiariam” uma “federação ibérica”. Dito assim, até parece verdade. Tendo ouvido “os portugueses” e “os espanhóis”, o extraordinário “barómetro” reflectiria de facto uma opinião, uma tendência, uma conclusão. Mas já todos sabemos que entre as “sondagens” e a realidade há um abismo difícil de transpor.

Carimbos de certificação académica não faltam a este “Barómetro de Opinião Luso-Espanhol” há dias divulgado (em Madrid, claro): vem chancelado pelo Instituto de Estudos Sociais da Universidade de Salamanca e pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa de Lisboa. Mas vai uma pessoa a ver a letra miudinha da sondagem e logo depara com a ficha técnica. E então percebe como se cozinham as grandes “federações ibéricas”. Pois, para chegarem ao inacreditável corolário, os estatísticos aplicados ouviram um total de… 876 pessoas, das quais 363 portuguesas e 513 espanholas! E ouviram-nas ao telefone!

Com base nesta pequena ficção, o “barómetro” tece intrincados raciocínios sobre as relações entre os dois países, o aproveitamento da água dos rios, os investimentos empresariais, as ligações ferroviárias e a eficácia policial. Se, em vez de terem ouvido 876 almas, tivessem ouvido 1.000, quase podiam dar a solução para o conflito israelo-árabe!

Perante o desconchavo, até o Bloco de Esquerda esboçou um sorriso de troça, ao dizer que uma hipotética federação ibérica “não se coloca hoje em dia”. O eurodeputado Capoulas Santos foi mais directo: pura e simplesmente, “não acredita nos resultados do estudo”!

Desta vez, os “federadores” estatísticos não tiveram mesmo jeitinho nenhum. Mas o que eles querem sabe a gente…

FRA DIAVOLO

 

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