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O fim dos Colégios Militares?

João José Brandão Ferreira *



"Fazia parte do manifesto eleitoral do PS, quando foi formado, a extinção dos colégios militares. O PS, aliás, dá-se mal com tudo o que cheire a fardas, autoridade e disciplina”

 

O Colégio Militar (CM) é, entre as instituições existentes, uma das mais antigas da nação. Tem provas dadas, lastro, tradição e deu ao País e às Forças Armadas, um conjunto alargado de cidadãos de qualidade, que se distinguiram nas mais diversas profissões.


Os problemas do CM começam dentro da própria Instituição Militar. A primeira grande questão, tem a ver com o facto de que, há muito, se devia ter encontrado uma fórmula equilibrada para os três estabelecimentos militares de ensino secundário dependerem do CEMGFA, com os custos repartidos pelos três ramos, em vez do ónus recair exclusivamente no Exército.


Depois é necessário que exista um orçamento adequado para gerir e manter três colégios de qualidade com ensino personalizado e um conjunto de actividades que mais nenhuma escola pública, ou privada, dispõe no país. Neste âmbito tem que se alterar também as restrições à contratação de civis, nomeadamente vigilantes, uma das causas, seguramente, dos problemas analisados pela PGR.


Os problemas sociais que a sociedade actual comporta e a desestruturação acelerada das famílias, fizeram aumentar os problemas do foro psíquico e social. Isso exige determinadas valências, que os meios ao dispor dos colégios dificilmente comportam. Não é a mesma coisa ter alunos enquadrados fora do colégio em termos familiares e outros que, pura e simplesmente, são “despejados” nos internatos.

 

Corpo docente

 

Arranjar instrutores e oficiais do Corpo de Alunos é outro problema. Além de nem todos terem perfil para prestar serviço num estabelecimento deste tipo, muitos não querem passar por lá. Preferem outras opções profissionais. Além disso, o Exército preparou oficiais para missões distintas – o seu “core bussiness” –, que custaram muito dinheiro e esforço, aptidões essas que não têm aplicação nos CM. Por outro lado, há questões do foro pedagógico de que é preciso dar a conhecer a oficiais que vão lidar com jovens dos 10 aos 17 anos.


Acresce a tudo isto que existe dificuldade de recrutamento de novos alunos e só uma muito pequena percentagem destes é que, depois, vão concorrer às Academias Militares.


As tradições académicas neste tipo de escolas têm vantagens evidentes – embora hoje em dia não seja politicamente correcto admiti-lo – mas que, para serem adequadas, necessitam de organização e supervisão. E estas não comportam qualquer tipo de agressão ou actividades indigna de um ser humano escorreito, que devem (e já são) ser excluídas e punidas.


É necessário ter a consciência que a situação dos colégios militares é bastante melhor do que a generalidade das escolas ou colégios secundários, de todo o país, cujas maleitas não caberiam descritos nas páginas do jornal!

 

Comichões imobiliárias?

 

Agora vamos à parte mais séria da questão. Com a Instituição Militar em diminuição constante e aperreada em constrangimentos humanos, materiais e financeiros, conjugam-se, a nível do país, várias forças para atacarem os colégios militares e, entre eles, especialmente o CM.


Em primeiro lugar o espectro partidário que vai do PS à extrema-esquerda odeia, em termos ideológicos, a ideia da existência de colégios militares. Causa-lhes até erupções de pele e outros fenómenos do foro psicossomático. Com uma nuance: o PCP não hostiliza (porque sabe o que anda a fazer) e não lhe desagradaria ter colégios militares, desde que, obviamente lá se ensinasse o materialismo dialéctico, o socialismo científico e o internacionalismo proletário.


Fazia parte do manifesto eleitoral do PS, quando foi formado (é bom lembrar…), a extinção dos colégios militares. O PS, aliás, dá-se mal com tudo o que cheire a fardas, autoridade e disciplina. Os bloqueiros estão muito activos, no momento. São uns infelizes desorientados, nunca construíram nem construirão coisa alguma, só sabem atear fogos. Ouve-se dizer que odeiam a sociedade, eu penso que se odeiam a si próprios.


Do PS para a direita, pura e simplesmente não existe ideologia: sente-se com a carteira e pensa-se com as tripas.

Estamos conversados, portanto.


A seguir temos a questão da especulação imobiliária. Os colégios ocupam terrenos privilegiados, novamente com destaque para o CM, cerca de 13 hectares em zona de grande valor. Ora isto representa milhões e milhões de euros; oportunidades de negócio para amigos, eventual atenuação de dívidas camarárias, chorudos financiamentos, etc., enfim o paraíso para os do costume.


Perante isto, que valem três colégios cuja mais valia é lançarem no mercado de trabalho ou nos cursos superiores, umas dezenas de cidadãos com formação de elite que tanta falta podem fazer ao nosso desfigurado país?


Acertaram.

São perfeitamente dispensáveis!

 

*Tenente-Coronel Piloto Aviador (reformado)

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