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Quinta Coluna: Salazalhães

A mensagem circula massivamente pela Internet: “Eu também tive um Salazalhães, e com muito orgulho!”. Para quem já não se lembra, esta saudosa versão antecipada do “Magalhães” socialista, que milhões de portugueses usaram desde o século XVII até aos tempos de Salazar, cumpriu garbosamente a sua função de auxiliar didáctico – não ficando nada atrás, em resultados práticos, dos “PCs” que hoje ajudam a formar doutores da mula ruça. Muito pelo contrário. Era também portátil, mas o seu “sistema operativo” tinha a vantagem da simplicidade: um “disco rígido” em caixilho de madeira, enquadrando uma “mother board” em xisto argiloso servida por um “joystick” no mesmo material (embora mais macio), ou por um “rato” feito de carbonato de cálcio (o insuperável giz). A aversão crescente às tolices falsamente “desenvolvidas” da “era tecnológica” está a transformar a velha pedra de ardósia num caso sério de revivalismo em todo o mundo ocidental. Tanto, que uma empresa de Valongo decidiu pôr mãos à obra e passou a fabricar “Salazalhães” em larga escala. E até os anuncia com argumentos “politicamente correctos”: é um produto 100 por cento “verde”, que não precisa de electricidade e “permite poupar muito dinheiro gasto em papel de rascunho, protegendo desta forma a natureza”. Infelizmente, dos 4 mil quadros pretos que todos os dias saem da linha da produção de Valongo (mais de um milhão por ano), muito poucos se destinam ao nosso País: vão quase todos para as escolas de França, Alemanha, Holanda e Estados Unidos, onde a ausência do inenarrável “Magalhães” parece não incomodar os pedagogos. Gente por certo “atrasada”, que não segue os conselhos desses grandes líderes da política e dos negócios informáticos que são José Sócrates e Hugo Chávez…

FRA DIAVOLO   

 

O Diabo que os carregue: Sócrates e Chávez

“Sócrates e Chávez, a mesma luta! Avante, camaradas, pelo ensino estatal soviético e pela nacionalização das consciências!” Estes slogans delirantes, longe de constituírem uma anedota fora de tempo, apenas reflectem este facto simples e certificado: o ditador venezuelano “quer que o computador ‘Magalhães’ ajude a fazer a revolução nas escolas” do seu país – isto é, quer que ele sirva para a mais primária lavagem ao cérebro de que há memória naquele pobre país latino-americano.

 

Um lote de computadores portáteis Magalhães, já assinalados como o mais precioso auxiliar na analfabetização das criancinhas, foi há meses vendido por José Sócrates ao seu amigo Chávez. De novo re-baptizados (chamar-se-ão agora, não “Magalhães”, mas “Canaima”), serão distribuídos por toda a Venezuela já a partir de 16 de Setembro.

 

São computadores feitos especialmente para aguentar um menino do primeiro ano de escolaridade”, disse Chávez. “Que os mordam, que os golpeiem, que os lancem ao chão!” (e aí, excepcionalmente, não podíamos estar mais de acordo). Mas logo o ditador se mostra ingrato: embora reconheça que a difusão do computador ficou a dever-se “a um convénio que assinámos com o amigo primeiro-ministro Sócrates”, logo acrescentou: “Há que dizê-lo, o software é 100 por cento venezuelano”. E nós a pensar que era uma invenção do Governo socialista português…

 

Importa esclarecer que o ex-Magalhães se integrará na “grande reforma da Educação” em curso na Venezuela – “reforma” que consiste em impor o ensino laico, limitar a intervenção das famílias na educação dos filhos e sujeitar os estudantes à doutrinação “chavista”, logo desde os primeiros anos de vida. Para o tirano, é uma “educação libertadora”, que “dará uma maior profundidade às mudanças revolucionárias” (onde é que já ouvimos isto?). Nem pais nem educadores foram consultados para a “reforma”. Ao impor a nova lei, Chávez promete cumprir a máxima marxista da “unanimidade ou morte”: “Morreu e descanse em paz a Lei de Educação anterior que foi feita pela burguesia”, proclamou.

 

Percebe-se agora melhor para que servem, realmente, o “modelo Magalhães” e essa grande amizade Sócrates-Chávez. Para transmitir conhecimento e dar liberdade é que não é.

 

FRA DIAVOLO

 

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