Quinta Coluna: Sócrates vs Jardim
José Sócrates conseguiu arranjar uma “aberta” na agenda e voou para a Madeira, a participar no comício socialista da Fonte do Bispo – uma espécie de contraponto miserabilista à concentração que todos os anos atrai milhares à festa do PSD no Chão da Lagoa. A sua ideia era óbvia: mostrar que é um político “corajoso” e não receia enfrentar Alberto João Jardim no seu próprio terreno. Saiu-lhe o tiro pela culatra. Ele bem tentou “mobilizar” os socialistas da ilha para uma campanha que já reconhece como “difícil” – mas o PS local, ainda por cima dilacerado por divisões internas, acredita tanto na vitória como nós na bondade do marxismo-leninismo. Jardim respondeu-lhe à letra: “Regozijo-me porque, sempre que o primeiro-ministro vem à Madeira, o Partido Socialista desce nos votos”, comentou o líder do PSD da ilha e chefe do Governo Regional. E, aliás, quem é Sócrates, afinal? “O PS tem 14 por cento de votos e eu não costumo fixar o nome dos secretários-gerais dos pequenos partidos”. Pode não se gostar do estilo, pode-se contestar esta ou aquela frase, pode-se achar que, por vezes, a oportunidade é discutível. O que não oferece dúvida é que, entre os políticos portugueses, Alberto João Jardim é dos raros que consegue pôr Sócrates no seu lugar. Foi atrevimento do secretário-geral do PS pensar que podia ir à Madeira em passeio triunfal e regressar “vitorioso” ao Herón Castilho. Mas o primeiro-ministro é mesmo assim: não costuma medir as consequências. Desta vez, o ‘boomerang’ atingiu-o
F.D.